crônicas
A baliza e
dona Joaquina
Certa vez me deparei com uma aluna, dona Joaquina, uma
senhora que tinha um sotaque bem engraçado, pois viera do norte, e me disse que
em sua terrinha era molezinha andar de jegue e ela o fazia muito bem e que o
carro iria ser mais mole ainda, pois o carro seria bem mais obediente e
atenderia com rapidez aos seus comandos, coisa que o pobre do jegue não fazia;
disse a ela então:
-
vamos as aulas, quero ver, se a senhora é arretada tanto no
carro quanto foi no jegue.
Na primeira aula notei uma certa dificuldade de entrosamento
com o veiculo, depois de 70 aulas eu a liberei para a prova, pois o prazo de validade
de processo estava vencendo, pois na minha opinião devido aos meus anos de
experiência ela deveria fazer mais 70 aulas, ou seja, ela devia continuar com o
jegue, que ao meu ver lhe era bem mais fácil, mesmo sendo teimoso.
No dia da
prova, a senhora arrasou no visual, fez o cabelo, a unha, enfim serviço
completo, estava com uma blusa de cetim de cor azul Royal, aquele bem azul, e
uma saia bem florida que mais parecia um campo de rosas ate a altura do joelho,
como só é permitido fazer a prova de sapato fechado a senhora me coloca meia e
uma conga. Depois de aguardar sua vez muito ansiosa dona Joaquina enfim foi
chamada para fazer sua prova.
Já na
baliza, começou a mover o carro, de um lado para o outro, e eu vendo aquilo
tudo, pensei: aonde foi que ele aprendeu a fazer isso pois eu não ensinei,
fiquei admirado com a quantidade de voltas que ela dava ao volante, as idas e
vindas com o veiculo, sua sorte era que naquele tempo baliza não tinha tempo,
era livre, pois a senhora já estava lá fazia uns 20 minutos. Já muito suada e
cansada, enfim dona Joaquina conseguiu colocar o veiculo na vaga, com
perfeição, perguntando ao examinador se estava perfeito e se podia sair para o
transito.
O examinador, vaio com uma cara de espanto e ao mesmo tempo
curioso e disse:
-
a senhora esta de parabéns, apesar do tempo, nem eu
conseguiria fazer o que a senhora fez!
Dona Joaquina radiando de felicidade diz ao examinador
-
ai, senhor eu consegui né, eu sabia, que seria mais fácil, que
andar de jegue lá no norte.
E o examinador com aquela cara de surpreso diante daquela
situação diz a senhora:
-
calma minha senhora, eu não falei que a senhora foi aprovada,
mas gostaria de lhe fazer uma pergunta.
E a senhora já sem paciência diz:
-
pergunta logo, estou ansiosa para saber se consegui, porque
até agora o senhor não me falou.
O examinador em seguida chama o instrutor e pergunta:
-
instrutor, foi o senhor que ensinou a sua aluna a fazer essa
baliza.
Ela já muito impaciente, interrompe a conversa, e afirma ao
examinador:
-
foi esse rapariga que me ensinou sim, porque tem algum
problema, olha eu não to entendendo mais nada será que da pra alguém me dizer o
que ta acontecendo e porque ta todo mundo rindo de mim.
E o examinador não se conteve e disse:
-
a senhora colocou o veiculo muito bem na vaga, porem a senhora
esta reprovada
Joaquina, se desespera, pois ao sair do carro conferiu tudo,
e estava certinho dentro da vaga, e a sua volta todos continuavam rindo, e ela
disse ao examinador:
-
senhor, se você me disse que fui bem, o carro ta dentro da
vaga, não entendo como consegui ficar reprovada.
E o examinador, rindo, responde:
- senhora, o carro ficou bem na vaga, o problema é que a
senhora conseguiu, não sei como, coloca-lo na vaga ao contrario da ordem de
todos os carros, ou seja, na CONTRAMÃO.